terça-feira, 8 de novembro de 2011

Diálogo

Como medir a falta? Mede-se em tempo? Em espaço, talvez? Então em como esta se deu? Será a medida dada por quanto sentimos dor? Não... Tudo se faz inútil frente à culpa de não se ter mais... Fomos expulsos do paraíso? Estamos sendo punidos...? Não... A falta apenas é.
Sentir falta é dádiva quando se sabe sofrer, delicadamente. Arrepelar-se por quê? Dê-me a mão e caminhemos juntos até a consumação dos séculos, amén. Ver-te, face a face, é perder mais um pouco, agora de mim. A tristeza é refrigério para a alma; o arder no peito é enfim estar vivo num lugar onde a inércia é a melhor defesa.
Entrega a encomenda de hoje. Falta, diga ao meu peito o que tanto queres... Sê objetiva como nunca fui nestes anos vividos. Entrevê o lutador cuja luta é perdida, ante ti, e, ainda sim, não retira as luvas. Complacência é o mínimo que meu peito, tão sofrido e despedaçado, espera. Dê-me um dia ao menos daquilo que eu não sei o que é.
Esperança é campo aberto, devastado pelo vento. Dias são emaranhados de uma vida dada ao que não se tem... Títere de mim. Veja o movimentar das cordas... Educadamente a cumprimento, querida falta. Respeito-a. Tens direção ao perdido, derrubas ao exímio pugilista, concede ao estéril as lágrimas...
Tenho uma vida toda. Estás em todo lugar. Sigamos par e passo, pois. Sei que inda testemunharei muito de ti... Contudo, nada verei. A bússola ao menos existe... Quando do monte eu contemplar a terra prometida, sei que poderei descansar. Tirarei as sandálias então...

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