Tinha a necessidade de sentir. Queria apenas concretizar, ao seu modo, o que lhe viera à mente e se tornara uma constante.
Deitada, via-se de joelhos... Não tinha as mãos postas, contudo sabia quão sagrado era quem estava a sua frente. Sua essência acentuadamente forte, complexa, muito a arrebatava. Queria-o.
Em contato com seu corpo desejava relaxar, embora o que estava em sua mente a contraía e tornava rijos os bicos sedentos. Estava claramente assentado e, com o seu ímpeto, ainda mais aparente em seus olhos, tocava o frágil rosto que entre suas coxas estava.
Olhava para o alto, em direção aos seus olhos, e sentia umedecer-se ainda mais. Os dedos largos e fortes misturavam-se aos cabelos longos tomando as rédeas de quem o cultuava, onde as preces resumiam-se a gemidos preenchidos por sua virilidade.
A conjunção se dava mais fortemente pelo olhar e tanto desejo corroborava, em seu corpo estirado, a explosão iminente. Sua natureza era exposta pelo vigor de suas mãos que a mantinham prostrada enquanto a ocupava. Sentia a inquietação, a atração pelo perverso, assim como este a atraía.
Seus cabelos em confusão já dominados eram testemunhas silenciosas do prazer sentido pelo seu corpo tão fragilizado. O deleite repercutia na inquietação de sua pélvis e de sua alma. Sorvia-o com voracidade e calma, para lhe sentir o gosto e precisar cada segundo.
Com as rédeas em punho ditava-lhe o ritmo da dança cujo intuito era entregar- lhe a gosto, completando-a com cada centímetro de seu vigor, ocasionando-lhe prazerosa asfixia.
Olhando-o fixamente nos olhos, enquanto escutava sua forte respiração, sentia toda sua rijeza alcançar o seu rosto em batidas cuja tradução era exata ao seu íntimo, onde a sensualidade se fazia presente pelo deslizar teso pelos lábios pequenos e vermelhos.
Tal encontro a fazia gemer mais intensamente, queria senti-lo em seu derramamento enquanto o engolia com veemência; e num ímpeto irrefreável, sentiu sua mão em desespero, entre as coxas, acompanhar o frisson de seus lábios naquele que a enlouquecia. Numa explosão sem igual, sentiu seu corpo entregar-se à inércia, contemplando o que lhe havia acontecido.
Olhou para o relógio da parede em que os minutos voaram. Precisava apressar-se, pois mais uma noite estava chegando e queria admirá-lo enquanto se misturava entre os demais que o fitavam em meio as suas flechas coloridas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário