quarta-feira, 8 de junho de 2011

Karma


O tempo passou para ti... O tempo corre para mim. O sentimento é tão claro... É lua alta e luminosa, de onde os demais estão escondidos, fora de escopo... Sou eu e é você. Esqueça as cortinas do palco por um minuto, elas não se abrirão agora... Não existe cortina entre mim e ti. O espetáculo é apenas você, sentado sobre um banquinho, dedilhando as páginas de um livro que o destino selou.
Você é presente há tanto. Onde foi que a corda se rompeu? Em teus olhos vejo o o passado se fundir ao presente e todo o sentimento inundando e inundando... Por que foi que você veio? Conheço as marcas em teu corpo... Conheço a inquietação da tua alma... Conheço a loucura que condensa o teu ser... Toda tua gravidade.
O meu querer te agride? Ora, quem é você para que me diga quem sou ou diga quem e o que você é para mim? Deixe-me verificar cada linha que marca o teu rosto e tentar vislumbrar a idade que realmente você tem... O que lhe aflige? O que te faz prisioneiro de tantas referências? Estas não existem mais...
Sinto saudade do que não existiu aqui. Sinto saudade do que fomos alhures. Onde estivemos então? E estas letras... Num idioma cuja milenaridade alcança a idade de nossa imaterialidade... por que testifica em mim também? As letras nos formaram... São nossas paixões e caminho...
Quando, onde o laço foi feito? O que existiu afinal? Não importa mais... A nossa cítara tem a força da tua voz e o tom singelo de todo o meu abatimento... Continuas com o livro em suas mãos, dedilhando as páginas da nossa fortuna...

Nenhum comentário: