domingo, 20 de maio de 2012

Dois para lá, dois para cá...


Atirava-se violentamente contra a parede do ambiente inóspito... Uma, duas, três... O barulho ensurdecedor precisava cessar. Deixou-se largar entre a escada e a porta dos fundos. Nunca conseguiu aprender com visitas e mais visitas ao campo.
O barulho... Praguejava-se inutilmente. Tudo corria por seus olhos e não havia como retroceder ao que lançou com aquele momento. Ao que sempre temia se expunha, como que num ritual de vivificação do que na realidade não existe e nunca existiu.
Mendicância e oblação. Conhecia de cor o caminho para ambos, de onde nada lhe pertence e tudo lhe falta. Os pés feridos pelas horas que caminhou ao nada não lhe traziam a aquietação prometida pelo cansaço. Porra de barulho.
Levantou e lançou-se por mais uma vez. O que lhe vem neste instante de repugnância não contorna mais, tudo se abriu diante de seus olhos. A flagelação é direito daqueles cujo intento podem alcançar. Não há substituição, era o que já sabia. Lançou-se e lançou-se...
O barulho, a valsa da aviltação. Dois para lá, dois para cá... Vá, lance-se mais uma vez! O que precisas mais? Queres algo cortante? Olhe-se ao espelho, meu bem... Vejas a epítome da ignobilidade. Aonde vais? Então sonhes comigo...  E tudo ficará bem,  eu lhe prometo, de sorte que não nos faltará oportunidade, afinal são dois para cá, dois para lá...